Entrevista a Luís Miguel Ribeiro, actor e encenador da revista “Vamos à Revista…Carago!” da Companhia de Teatro Fundo de Cena. Esta revista esteve em cena no Teatro Sá da Bandeira e agora foi apresentada no Auditório Padre Ramos, em Lavra.
re(Viver) o Teatro: Boa noite. Desde há alguns anos que a popularidade do teatro de revista tem vindo a decair. Por onde passa para si a solução deste problema?
Luís Miguel Ribeiro: A solução para este problema passa, um pouco, por aquilo que eu fiz que foi adaptar o teatro revista aos tempos modernos, ou seja, abandonar algumas coisas mais antiquadas. Eu abandonei algumas coisas tradicionais do teatro de revista. Isto porque antigamente toda a cenografia era feita com telões e escadas rolantes. No entanto, neste espectáculo, a maior parte da cenografia é vídeo-projectada. O que é que permite? Permite que eu possa por imagens em movimento, como se pôde ver no vídeo de abertura; a cenografia do diabo é um vídeo também; permite dentro de um mundo só, ter vários cenários. Portanto é isto, é recorrer à “robótica”. Como se viu no espectáculo de hoje, há projectores verdes, amarelos, azuis, vermelhos e é o que chamo de modernização do teatro de revista. O mundo está em constante evolução, todos os espectáculos evoluem e portanto eu acho que o teatro de revista devia evoluir também. E claro, mais atenção por parte dos políticos que têm a responsabilidade de apoiar o teatro revista pois, na minha opinião, a revista precisa.
re(Viver): Qual é para si a importância do Teatro no desenvolvimento de um jovem?
L.M.R.: O teatro tem um grande peso, sem dúvida nenhuma. Eu acho que o teatro é uma forma de intervenção também, tal como a música. O teatro tem várias vertentes: permite-te libertares-te muito mais; perdes a vergonha; obriga-te a ler mais porque tens todo um guião para ler; estás a preparar uma personagem e portanto tens de fazer uma pesquisa; no teatro revista, como cada actor incorpora mais do que uma personagem, têm de ser mais pesquisas e isto obriga-nos a quê? Obriga-nos a ler. Hoje em dia temos internet, é verdade. Mas ainda assim somos obrigados a ler alguns artigos. Para exemplificar melhor, vou mostrar aqui o exemplo do “Kiko”. Ele tem 11 anos e, com certeza que o facto de ele estar no teatro, se vai reflectir a nível social e intelectual porque se liberta mais. Mesmo na escola acho que os professores devem fazer isso. Portanto sim, acho que o teatro tem uma grande importância no desenvolvimento de um jovem. Mas não só, mesmo num adulto. Se um adulto decidir vir para o teatro, de certeza que passado algum tempo será uma pessoa diferente.
re(Viver): Acha que deveriam existir espaços na escola para aplicar à representação e ao teatro?
L.M.R.: Acho que sim. Acho até que, assim como a disciplina de música, deveria existir a disciplina, talvez não só de teatro mas de representação. Acho que só teatro limita muito. Portanto, acho que deveria haver uma disciplina que na minha opinião, é um bocado suspeito dizer isto porque é a área em que estou, devia ser obrigatória. Bom, a área de representação que estava a referir inclui teatro, inclui voz, inclui expressão corporal. Por todas estas razões sim, acho que a escola deveria ter essa disciplina. Não é obrigatória? Devia ser uma disciplina extracurricular. O conselho directivo deveria ter essa preocupação, na minha opinião. E por que não conciliar as aulas de teatro com as aulas de música…